quinta-feira, 1 de abril de 2010

Os Deuses e a Administração - Dionísio


"Por último, a Cultura Existencial, representada pelo deus Dionísio e a figura de um agrupamento individual de estrelas, reunidas em um círculo.


Dionísio nasceu pobre, filho de Zeus, concebido fora do casamento, e por isso é vítima da ira de Hera, esposa de Zeus, que ordena aos Titãs a execução de uma implacável lição para servir de exemplo à outras deusas ou mulheres que ousem traí-la com seu infiel marido.

Os Titãs raptam o menino e após despedaçá-lo colocam-no numa panela sobre o fogo, do qual ele é salvo por sua avó, enquanto sua mãe é queimada. O trabalho da avó em juntar seus pedaços fez com que ele adquirisse uma forma parecida com a anterior, e quando jovem, tornou-se extremamente parecido com o pai.

É entregue às ninfas para que o protejam da ira de Hera, e neste local dedica-se ao cultivo de uvas que mais tarde transforma em vinho. No entanto, não consegue fugir da perseguição de Hera, que mais uma vez o atinge e lança sobre ele a loucura, que o torna obstinado na busca de uma vingança contra seus perseguidores.

Sendo protegido por Zeus, saiu-se vitorioso nestas batalhas e retornando ao convívio com as ninfas, dedica-se à transformação das uvas em delicioso vinho, divulgando seu produto em todo o universo conhecido, que o utilizavam em festas religiosas.

No Império Romano, Dionísio foi chamado de Baco, e as festas dionísicas, antes religiosas e agrícolas, transformarem-se em bacanais, festas privadas e escandalosas que se estenderam por todo o império.

Dionísio também ficou conhecido como um deus preocupado em estabelecer uma moral de validade universal, cultuando as almas imortais e a possibilidade de todos alcançarem a eternidade por merecimento, como ele e sua mãe, salva das chamas quando Dionísio tornou-se um dos doze deuses do Olimpo.

No culto romano, foi seguido por outros deuses que procuraram encontrar uma explicação para o mistério da vida e um sentido à existência numa sociedade que alcançou um nível cultural e material elevado, seguido por uma profunda crise moral.

Para Dionísio, somente ele representa a ideologia existencial entre todos os outros deuses, onde o existencialismo apregoa que somos responsáveis pelo nosso destino, independente da vontade dos deuses.

Em todos os outros tipos de cultura, o indivíduo tinha clara a sua participação na organização, onde procura ajudar a organização a atingir seus objetivos, sendo por isso recompensado.

Na cultura existencial, a organização existe para que o indivíduo atinja seus objetivos pessoais, sendo que a saída de uma ou outra estrela não afeta o modo de agir dos membros restantes, pois eles não são interdependentes, funcionando como uma associação de profissionais onde o talento e a habilidade pessoal é a chave para o sucesso.

Cooperativas, associações profissionais, universidades e clínicas se encaixam neste perfil, e a administração é vista como uma tarefa menor e com menos prestígio, onde as tentativas de gerenciamento são ignoradas em favor da individualidade e profissionalismo. Em geral as pessoas com características de Dionísio se apresentam citando suas profissões e não o cargo ou usando o nome da organização para a qual trabalham.

Os quatro deuses apresentados são bastante semelhantes e foram colocados pelo autor em uma ordem significativa. Primeiro Zeus, que é como a grande maioria das organizações iniciou, após um período em que o líder era o centro da organização, tornou-se necessário organizar o trabalho, então surgiu Apolo com sua cultura-de-função. O desenvolvimento de novos produtos que garantissem o crescimento gerou Atena, cuja criatividade das equipes era primordial. A evolução tecnológica e a complexidade decorrente dela gerou o aparecimento de Dionísio com sua alta especialização.

Esta ordem também foi seguida pela história onde as primeiras organizações, como a construção de estradas de ferro e as minas de carvão exigiam líderes fortes e dominadores, como Zeus. A revolução industrial criou a necessidade da cultura-de-função onde mais tarde Taylor e Fayol ditariam normas que persistem até os dias atuais. As novas descobertas e necessidades gerou as equipes de trabalho da cultura-de-tarefa e por fim Dionísio, o dono de seu destino, nesses novos tempos de fim do emprego convencional. Atualmente “a maioria das organizações de qualquer tamanho é composta de alguma mistura de todas as quatro” (Handy, 1991 : 36).

Embora as organizações possuam mais de um deus, as culturas devem ser internamente consistentes, pois os indivíduos que fazem parte dela são basicamente monoteístas, e precisam dessa identificação para confrontá-la com o seu deus predominante."